14/05/09

Verdes São os Campos!...

Márcia Moscado

Pela janela, à minha frente, vejo o campo verdejante. No horizonte, nuvens espessas anunciam a chuva que se aproxima.

Sinto-me melancólico. Olho pela janela e, de olhos fechados, volto a uma casa, a minha casa, a casa onde nasci!

«Não podes lembrar-te da casa onde nasceste» - dizia a minha Mãe - «eras muito pequeno quando de lá saímos, tinhas dois anos… E nunca mais lá voltámos!»

Mãe, a casa era assim! – descrevia eu. Um corredor, com os quartos ao lado, a cozinha no fundo, onde também costuravas, e uma janela, uma janela que dava para o campo. Com a mão no queixo e o cotovelo na janela, passava horas a contemplar o verde daquele campo.

Provavelmente naquela idade ainda não sonhava! Admirava talvez o verde que se estendia até encontrar o azul do céu. Ou as nuvens espessas que se formavam como hoje… e a chuva caía, caía ora suave ora forte. O céu era rasgado pelos raios, como se uma criança pegasse num lápis e começasse a riscar sem sentido. Talvez fosse eu essa criança e usasse esse lápis. Em pinceladas, pintava aquelas nuvens mais escuras, iluminadas aqui e ali por relâmpagos,…

…E o verde do campo ficava mais vivo. Gotas brilhavam nas suas hastes erguidas para o céu.

Talvez sonhasse com um futuro belo para todos os meninos como eu. O meu cabelo era loiro como as espigas de milho. Eu era a natureza, a natureza era eu!

Hoje sou um vestígio daquilo que era, mas olho pela janela e continuo a ser o que sempre fui… Um Sonhador!