26/11/06

O Relógio!...



Se quiseres tiro tudo, exceto o relógio. Ele conta o tempo que posso estar contigo, nem mais nem menos um minuto. Ele dita o meu ritmo, a minha presença neste mundo.

Impiedosos, os ponteiros acumulam os segundos que viram minutos que viram horas, meses, anos.

Não tenho tempo, tempo que me devora, tempo que me impede de ter mais tempo para estar contigo.

Pede-me tudo menos tirar o relógio. Mesmo de relance, tenho que ver as horas. O relógio da torre bateu, são horas, horas de me ir embora!.. Acabou-se o tempo… o tempo foi consumido!.. Nem mais um segundo sobrou.

Desço as escadas, sei que tu terias mais tempo para ficar comigo mas eu sei que não tenho mais tempo para ficar contigo!

Chego ao carro, fico um tempo a acalmar as pulsações do coração, sorrio um pouco da loucura que é este de não ter tempo para se amar sem pressa.

Arranco, cruzo a cidade com as luzes de néon guiando-me o caminho, olho para o braço e percebo que, afinal, me tinha esquecido do relógio, do meu relógio… na tua mesa de cabeceira!

2 comentários:

Jorge P. Guedes disse...

Olha, pá, eu cá não gramo relógios.

Quanto ao texto, escrita sonhadora de um sonhador, está certo!

Um abraço, Marius.
Jorge P.G.

noname disse...

Ele há coisas do camando, mesmo num texto de sonhador :)