11/04/08

Andarilho...



Sou um andarilho de mim mesmo. Percorro as trilhas da vida, sem me preocupar se um espinho me fere, um obstáculo me impede, um abismo se abre.

Gosto de caminhar entre as árvores, sentir a brisa suave da manhã, o aroma que vem da terra, do ar, das plantas, ouvir o canto dos pássaros.

Liberto-me das amarras do quotidiano. Desapegado de tudo e de todos, sigo pelos caminhos cobertos de folhas silenciadas pelo orvalho da noite, por galhos de árvores tombados pela força do vento, da chuva, pela juventude perdida e outros, viçosos, brotando num grito de esperança de que nada está acabado, que ainda há um fio, uma faísca de vida que renova em cada broto da velha árvore.

Vou porque quero ir. Sentir o cheiro do mar, o grasnar das gaivotas, o riso das crianças, as brincadeiras dos idosos, o céu azul, a linha do horizonte, as velas de um barco, o surfar das ondas. Pisar a areia, sentir a água de leve beijar os meus pés, voar o pensamento na imensidão do firmamento, traçar uma linha imaginária entre aquilo que sou e aquilo que gosto de ser…

… um andarilho de mim mesmo, um viandante do tempo!

08/04/08

Mulher d'Areia

No país de Rá, o deus do sol
Um poema em música é entoado
Dormem a cotovia e o rouxinol
E ela nos braços do seu amado

Belo rosto no peito aconchegado
Olhos entreabertos, corpo quente
No antigo Egipto, sob uma palmeira

Sarcófago com hieróglifos decifrado
Palavra doce, palavra envolvente
Dita e sentida pela mulher d'areia

Tanta ciência e tanto doutor
E a palavra era simplesmente... Amor!