29/03/08

O Nosso Tango



Encostado a uma coluna, com um cigarro nos lábios que só acendia nesses momentos para me dar um ar de “banga”, de estilo que a puberdade nos impinge mesmo que não tenhamos nenhum, mas é próprio da idade, observava mais um rodopio no salão onde tantas vezes nos encontrávamos. Outros pares dançavam, mas eu não tinha pressa. Sabia que, mais cedo ou mais tarde, iríamos enlaçar nossos braços.

A esperança que me fazia voltar ali domingo após domingo era que não havia volta a dar senão as voltas ao som de uma música que nos enlevasse, nos transportasse para outro lugar onde nada mais importasse.

Os rapazes faziam sinais de longe para as “garinas”, de longe e não de perto, com medo de levar uma “tampa” e serem alvo de riso e chacota entre os amigos por esse motivo.

As músicas sucediam-se e eu sem me mexer, aguardando a música ideal.

Aqui e ali, os pais vigiavam as filhas, não fosse o “marmanjo” aproveitar-se da ocasião, afoitar-se demais e colocar a sua perna entre as pernas da menina, ou encostar-se aos seus peitos e, mesmo com “travão”, não conseguir evitar o aperto. O olhar severo do pai tudo dizia: nada de excessos!

De repente, ouvem-se os acordes de um tango. Apago o cigarro, dirijo-me ao local onde estavas com as tuas amigas.

Faço-te sinal com a cabeça, vens ao meu encontro, enlaçamos os braços, tudo parou e o salão foi só nosso.

15/03/08

O Meu Silêncio!

Glover Barreto

Se o Silêncio também se ouve, ouve então o som do meu Silêncio!