12/07/07

Cajueiro Velho!...


  Olhei para ti vergado pela força do vento e da velhice, os teus braços desciam até ao chão. Em cada ramo um fruto sem fruto do teu, outrora, poder. Assim somos nós.

  Quando via meu pai envelhecendo nunca pensei que um dia também estaria na mesma situação. Era florido, viçoso na minha juventude. Dei os frutos que tinha para dar. Vi-os crescer e, sem me aperceber, meu rosto ia mudando. A um rosto límpido como água cristalina, sulcos se iam formando como aquela pedra que se atira na superfície de um lago calmo e ela salta, salta até parar e se afundar.

  Estou a ficar como tu. Já tenho no rosto sinais de velhice e da mocidade só me resta a recordação.

  Vi meu pai a definhar e morrer como um cajueiro velho. O tempo, esse tempo inexorável fará o mesmo de mim…

… Mas os meus frutos já dão frutos também!

Cajueiro velho
Vergado e sem folhas
Sem frutos, sem flores
Sem vida, afinal
Eu que te vi
Florido e viçoso
Com frutos tão doces
Que não tinha igual
Não posso deixar
De sentir uma tristeza
Pois vejo que o tempo
Tornou-te assim
Infelizmente também a certeza
Que ele fará o mesmo de mim


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