29/12/06

Deixa-me!... Adormecer


Ah, quem me dera adormecer para nunca mais acordar!

26/11/06

O Relógio!...



Se quiseres tiro tudo, exceto o relógio. Ele conta o tempo que posso estar contigo, nem mais nem menos um minuto. Ele dita o meu ritmo, a minha presença neste mundo.

Impiedosos, os ponteiros acumulam os segundos que viram minutos que viram horas, meses, anos.

Não tenho tempo, tempo que me devora, tempo que me impede de ter mais tempo para estar contigo.

Pede-me tudo menos tirar o relógio. Mesmo de relance, tenho que ver as horas. O relógio da torre bateu, são horas, horas de me ir embora!.. Acabou-se o tempo… o tempo foi consumido!.. Nem mais um segundo sobrou.

Desço as escadas, sei que tu terias mais tempo para ficar comigo mas eu sei que não tenho mais tempo para ficar contigo!

Chego ao carro, fico um tempo a acalmar as pulsações do coração, sorrio um pouco da loucura que é este de não ter tempo para se amar sem pressa.

Arranco, cruzo a cidade com as luzes de néon guiando-me o caminho, olho para o braço e percebo que, afinal, me tinha esquecido do relógio, do meu relógio… na tua mesa de cabeceira!

18/11/06

Sou Como Uma Rocha!...

Sou como sou e não há nada nem ninguém que irá mudar a minha forma de ser.

18/10/06

No Escuro da Noite!...

A chuva cai impiedosa. A lua surge e some por entre as nuvens, lançando breves clarões sobre a figura que espera algo ou alguém na esquina.

Os carros, escassos, rasgam a noite em disparada, como se fugissem de uma inimiga e ferissem o seu ventre com os seus faróis.

Um silêncio se instala, nada se mexe, nada se escuta, só eu e ela estamos ali. Ela não me vê, está só com o mundo!..

Um brilho fugaz, uma lágrima escorre. O seu rosto fica imóvel voltado para o vazio, as mãos apertam o peito como se quisessem conter uma dor imensa num corpo sofrido.

A chuva recomeça com força, ela se abriga no vão de uma porta.

Aproximo-me, coloco o meu braço sobre os seus ombros, um arrepio percorre-lhe o corpo encharcado e juntos nos perdemos na escuridão da noite.



20/07/06

Não chores por mim!…

Não chores por mim quando eu partir. Guarda na memória os bons momentos que vivemos, as palmeiras que admiramos, as nossas mãos entrelaçadas diante do sol poente, os nossos beijos apaixonados, os nossos abraços calorosos.

Não chores por mim, pois seria negar a beleza das flores, a vitalidade do ar, o movimento da vida.

Não chores por mim, pois o mundo segue o seu curso, as ondas acariciam ou desafiam a terra, as aves planam no céu azul e as ninfas se metamorfoseiam em borboletas.

Quando eu partir, quero te ver linda como sempre. Sem tristeza, sem luto, sem rancor. Quero ver um sorriso radiante como se a vida nos tivesse dado tudo o que podia e se não voamos mais alto, foi porque chegamos ao limite das nossas asas.

Quando eu partir, lembra-te de mim com carinho, oferece-me uma simples flor e volta para a vida. Se um dia sentires saudades de mim, olha para o céu e lá me verás dançando contigo e, se por acaso alguma lágrima escorrer, que seja pelas coisas boas que vivemos, pelas felicidades que compartilhamos.

Quando eu partir… Não chores por mim!..

06/07/06

Para Além do Infinito...


Quisera possuir asas para sobrevoar a mesquinhez humana e apreender a essência da Vida.

04/06/06

Adoro...

Adoro os momentos que vivi na vida. Bons e maus, que me moldaram a pessoa que sou. Amei quem amei, senti o que senti.

Adoro cada pétala das flores que colhi, dos reflexos da luz da lua, dos raios de sol que me penetravam e me aqueciam a alma…

Adoro cada momento em que ao teu lado estive. Das noites tranquilas, dos aromas da mata, do uivo do chacal, dos dias sem fim.

Adoro o momento em que abracei a sombra do Amor, dos olhos entreabertos, das palavras murmuradas.

Adoro cada momento da minha vida, porque são singulares, porque não se repetirão jamais.

Adoro tudo o que és para mim e tudo aquilo que sou para ti.

Adoro-te!..


24/03/06

Aquele dia!...

Lembro-me daquele dia em que te vi. Olhei para ti e encontrei nos teus olhos o brilho de um dia belo de Primavera. O tempo congelou, como se aquele momento fosse um fragmento de uma existência. Mas não. Andámos lado a lado, de mãos dadas, sabendo que o nosso amanhã é hoje e que amar não tem tempo, ocasião ou lugar.

Corpos ardentes, unidos, beijados. Lençóis revirados. Corpos entrelaçados, como se o lugar fosse uma roda-viva, sem rumo definido, sem sentido, sem direções.

Respiração ofegante, lábios nos lábios, carícias, cabelos molhados. Palavras murmuradas, enraizadas, sentidas… Amo-te.

Corpos adormecidos, saciados, esgotados. Cabeça no peito sonolento, rendido. Braço abraçado, aconchegante, como se o gesto fosse o acolher de uma vida já partilhada.

Tempo de recuperação, de transição, de introspecção. Olho para ti e…

… Lembro-me daquele dia em que te vi.