23/08/05

Fora de Horas...

Esfumaram-se todos na bruma fria e densa da noite escura. Estou só com os meus fantasmas. Arrepio-me.

Os dedos percorrem o teclado, juntando letras, formando palavras…

… Quantas vezes temos uma multidão a rodear-nos e sentimo-nos sós. Quantas das vezes olhámos para alguém a nosso lado e, amargura, esse alguém já nada nos diz. Quantas das vezes gritámos ao vento e ouvimos o eco das nossas palavras. Quantas blasfémias, soluços, paixões…

… As horas voam como pássaros assustados. Horas de mutismo, horas de contemplação, horas de interiorização… e os ponteiros avançam. Uma, duas, três horas da madrugada, já são quatro. Como na vida, as horas da noite caminham para o seu fim, irredutíveis, sem parar!..

… Só eu é que ando fora de horas. O dia está a nascer. Ao longe a neblina matinal envolve as casas e as árvores. Um despertador toca, corpos espreguiçam-se, a noite morre o dia nasce. Em silêncio, nada mais me interessa senão esta amargura que sinto. Um dia que se junta a outro que já passou, sem deixar rastros ou lembranças. Dias que se transformam em semanas, meses, anos. Mais um dia que para mim será noite. Tenho que descansar o corpo, descansar a alma. Rostos e mais rostos, passos e mais passos. Frenesim, multidão, poluição. Gritos, choros, indiferença. Um pulsar. O sol omnipotente espreita, é verão!.. e eu, sozinho — tão sozinho — estou fora de horas!


20/08/05

Escrevi...

Cartas de Amor! Cartas que encurtavam a distância com a força da escrita, em que a paixão se expressava sem medo e as palavras fluíam livremente pela pena, levadas pelo vento. Versos que revelavam sentimentos, emoções vividas, lágrimas derramadas.

Cartas que contavam sonhos, planos ou simplesmente declaravam… Amo-te!

Cartas amassadas, cartas rasgadas, o recomeçar a escrever; a dor do afastamento, da ausência, do desejo e da saudade. Saudade de regressar, saudade do Amor!

Cartas com aromas, beijos, corações e juras. Cartas de raiva, de ciúme e de perdão.

Hoje, permanecem guardadas, ordenadas, amarradas. Memórias escritas de um tempo em que o tempo era contado… pelo atraso da resposta!

…Cartas de Amor, quem não as tem?!