14/04/05

Cabelos cor de prata

Os olhos são espelho de minha alma
O cabelo cor de prata, a minha velhice
As rugas são riscos da minha calma
Calma humanista já alguém mo disse.

Temos que agarrar o sol, agarrar a vida
Que passa por nós à desfilada
Tirar o espinho da fera ferida
Transformá-lo num ser de forma alada

Para mim a vida só faz sentido
Se tiver todo o Homem, como amigo!


Marius70

15.08.2003

13/04/05

O Último...

Nos cantos do bar, as aranhas teceram as suas teias e nelas capturaram as moscas que agora infestam o espaço onde antes ressoavam risadas.

Copos sujos, permanecem tombados sobre o balcão, com marcas de batom no seu rebordo, que tilintavam ao sabor de uma Cuba Libre, de um whisky, ou de um PisangAmbom.

Ao canto um gira-discos onde corpos, ao som de músicas românticas, se movimentavam numa sensualidade arrebatadora e se fundiam num só, pleno de entrega e prazer!

Ainda ali está a mesa onde escrevi o meu «Só», olhando a noite fria que me aguardava através da vidraça!

Aqui se fizeram amizades duradouras, para além do espaço e do tempo que os separa!

Agora é um espaço quase vazio, nada mais é como antes!

Eu fui o último… porteiro da noite!


imagem: Pintura sensual de Hamish Blakely

Tema escrito num Fórum, onde muitas amizades se fizeram e era o ponto de encontro dos que andavam... Fora-de-Horas! 15 Abril 2003

12/04/05

O Porteiro da Noite

Sou o porteiro da noite. Testemunho os encontros e desencontros que acontecem neste bar.

Observo tudo, mas finjo não ver. Escuto tudo, mas finjo não ouvir. E diante das perguntas mais inconvenientes, calo-me. Esse é o meu papel.

Não me importa quem entra ou quem sai com quem. Vivo em função do mundo. Giro e ao meu redor outros giram. Buscando algo ou alguém para se agarrar como tábua de salvação de uma existência efêmera.

Fuga ilusória. Braços, abraços, pernas entreabertas, sedutoras, um convite à luxúria, ao prazer.

Na calçada, passos apressados, um chiado, uma porta que se abre, uma porta que se fecha. Um corpo que se entrega, uma paixão que explode em mil tormentos, um beijo roubado em lábios frios, indiferentes… E a noite que nunca termina.

Olhos sonolentos, cansados, boca de esgares, de vícios consumidos entre um copo e um cigarro. Tudo vejo, pois sou… o porteiro da noite!


Tema escrito num Fórum, onde muitas amizades se fizeram e era o ponto de encontro dos que andavam... Fora-de-Horas! 15 Abril 2003 - 12-04-2005