31/03/05

Só!...

Neste canto do bar, sinto-me só. A chuva cai lá fora, e vejo pela vidraça os vultos solitários que vagueiam como fantasmas saídos de um mundo escuro e viciado.

Seguro um copo vazio do whisky que me arde nas vísceras, que me quer aquecer a vida, que me desafia a lançar-me na noite à procura de algo que me anime nesta jornada solitária. Mas fico parado.

Do balcão do bar, chegam-me aromas variados. De cigarros mal apagados com restos de cinzas brilhantes, onde ficam as marcas dos lábios voluptuosos que, por instantes, fizeram subir espirais de fumo até ao infinito.

Aromas de comida e do típico café, que mantiveram os olhos e as almas alertas para mais uma palavra, para mais um olhar, para mais um convite ao amor.

Estou só no bar. Levanto-me da cadeira onde passei parte da noite. Olho para o espaço vazio onde o silêncio reina. Abro a porta devagar, por momentos hesito… está frio! Ajusto a gola do casaco ao pescoço. Saio, e desapareço na noite!